segunda-feira, 27 de junho de 2011

24 de janeiro de 1827 - igreja nossa senhora da piedade - antiga
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade - Campo Largo - PR.

Versa a História, que a povoação de Campo Largo teve início em 1814 e que em 1819, o Capitão João Antônio da Costa, fez a doação a Nossa Senhora da Piedade dos terrenos ocupados pelo povoado, a fim de que se estabelecessem, sem que tivessem qualquer ônus. Ofereceu também a esta população que se instalava uma imagem de Nossa Senhora da Piedade, que mandara vir da Bahia em 1816. Essa imagem permaneceu  na casa do Tenente Joaquim Lopes de Cascaes até 1826, quando foi levada para a igreja, cuja construção antiga se deu no começo de 1821. A atual, e do poste, foi iniciada em 1918 e terminada em 1940.

Fonte: Coleção Monografias nº 489.
         igreja nossa senhora da piedade 1918 a 1926
igreja nossa s da piedade  iniciada em 12 de outubro de 1918 a 2 de fevereiro de 1826

sábado, 5 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Padre Natal Pigato

            

 PADRE NATAL PIGATO


    
            O Paraná foi civilizado por diversas etnias oriundas principalmente da Europa. Alemães, poloneses, ucranianos, italianos, japoneses, povos que ajudaram o Paraná a crescer e se desenvolver. Padre Natal Pigato foi um destes imigrantes Europeu que veio contribuir para o desenvolvimento do Paraná. Tinha uma missão definida, não veio ao Brasil  para tentar a sorte como muitos imigrantes da época faziam. 
          Pigato pertencia a Congregação dos Missionários de São Carlos, conhecidos também como carlistas ou escalabrinianos. Esta ordem religiosa foi fundada pelo Beato João Batista Scalabrini e tem como patrono São Carlos Borromeu. A congregação tem como lema: "Eu era estrangeiro e me acolhestes" (Mt 25,35).
            Dom Pedro Fedalto, Bispo Emérito de Curitiba traz em seu livro : "O Centenário da Colônia Rebouças" publicado em 1978 algumas datas importantes relativas ao "missionário do planalto de Curitiba", como era conhecido (p. 100 - 102).
              Natal Pigato nasceu no dia 24 de dezembro de 1861 na região de Mason Vicentino, Província de Vicenza na Itália.
           Manifestada a vontade pelo sacerdócio, esta foi coibida pela família, com especial interferência do tio, que dominava a vontade da família. O tio desencorajou-o. Pigato porém não desanimou, manteve-se sempre em oração. Cantava e conservava-se puro, não perdendo a serenidade. 
       Ele renuncia a vocação  para se casar, mas a predestinação a vocação fica marcada pela tragédia.  Casa-se em 1885 com Felicidade Mottin, pressionado pela família, em especial pela mãe. Da união dos dois nasce em 2 de março de 1887, uma menina, a qual chamam de Marina. A filha vem a falecer, a 19 do mesmo mês, dia de São José. Um mês depois, a 18 de abril, perdeu a esposa. 
            A tragédia da morte da esposa e da filha, reforça a predestinação de Pigato a sua vocação. A morte da querida esposa e da filha, reaviva a esperança em seguir ao chamado vocacional, fato que agora o permite  que se ordenasse. Pôde enfim seguir o chamado de Jesus à sua vocação. Pensou seriamente. Foi ao santuário de Nossa Senhora do Monte Bérico, conforme narra Fedalto. Rezou muito. Decidiu-se: ser Padre para dedicar-se a serviço de Deus, em qualquer ofício. Aos vinte e seis anos de idade, em 1888, ingressou no Seminário de Oné de Fonte, em Treviso, seminário de vocações adultas.
             Em 1892, por falta de recursos financeiros, este seminário fechou. Mas, ao mesmo tempo, Monsenhor Batista Scalabrini, Bispo de Piacenza, que acaba de fundar a Congregação dos Missionários de São Carlos, a 28 de novembro de 1887, abria o seminário para a formação dos mesmos. Natal Pigato, juntamente com Francisco Brescianini, Faustino Consoni, Marcos Simoni, Antônio Serraglia, Antônio Segranfredo, Pedro Dotto e outros futuros sacerdotes paras os imigrantes, transferiu-se para o Seminário dos Missionários de São Carlos.
              Feitos os estudos eclesiásticos, foi ordenado a 31 de março de 1895, com 34 anos de idade, por Monsenhor Batista Scalabrini, em Piacenza.
           No dia de sua primeira missa, em Mason Vicentino, o vigário disse: " Anuncio o triunfo alcançado pelo nosso caríssimo Padre Natal Pigato. Cantou muito bem com um acompanhamento de vinte cantores, seus companheiros de infância e trabalho. Fez o sermão, merecendo aplausos de todos quantos admirados, viram o neo- sacerdote enfrentar o público, como o fez".
       Os imigrantes de Alfredo Chaves no Rio Grande do Sul, atual Veranópolis, a 28 de agosto de 1895, mandavam um abaixo-assinado ao Bispo de Porto Alegre, Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão, pedindo sacerdotes para suas 400 famílias.
         O Padre Antonio Segranfredo, de Mason Vicentino, por sua parte, escrevia que se mandassem  o dinheiro para a viagem, ele enviaria seu colega, o Padre Natal Pigato. A notícia encheu a todos de alegria. Tomaram as primeiras providências. Como fosse difícil mandar o dinheiro à Europa, o próprio Padre Segranfredo colocou o nome do Padre Natal Pigato na lista dos gratuitos.
       Não obstante a boa vontade do Padre Seganfredo, Monsenhor Scalabrini mandou o Padre Natal Pigato a São Paulo.
          A 15 de novembro de 1896, embarcou para o Brasil. A bordo, tornou-se ele um missionário zeloso, como escreveu o Monsenhor Scalabrini.
          A 14 de dezembro, chegou ao Orfanato Cristóvão Colombo em São Paulo, onde encontrou as irmãs e os órfãos, em grande silêncio, rezando junto à imagem de Nossa Senhora da Pompéia, pedindo saúde ao Padre José Marchetti.
          Contra as determinações dos médicos, ungiu o Padre Marchetti, que morreu, no mesmo dia, aos 27 anos, vítima do tifo.
          O Padre Natal Pigato confortou os órfãos. Escreve a seu superior de Piacenza dizendo: "Morreu um santo, cansado e consumido pelas fadigas, acabado pelos sofrimentos contínuos em prol de seus órfãos, pelos quais jamais parou, nem de dia, nem de noite para dar-lhes sempre o pão de cada dia".
              Padre Natal, recém chegado ao Brasil, sem conhecimento de ninguém, da língua e costumes, pediu ao Bispo de São Paulo que o demitisse do cargo, escrevendo o mesmo ao Monsenhor João Batista Scalabrini.
         No mês de março de 1897, foi exonerado do cargo, entregue ao Padre Faustino Cosoni, substituo, indo de Água Verde para São Paulo.
      O Padre José Molinari, Superior do Seminário de Piacenza, recomendou ao Padre Natal Pigato, fosse direto a Santa Felicidade e não a Água Verde, o que o fez, chegando a 12 de março, sendo acolhido com alegria pelo Padre Francisco Brescianini, seu colega de seminário.
         De Santa Felicidade, deslocava-se em visitas as colônias italianas, indo até Prudentópolis, Imbituva, Colônia São Carlos na Lapa, percorrendo mais de 30 localidades.
            Padre Natal era amigo dos jovens. Queria-os puros. Preparava-os para a primeira comunhão com três dias de retiro espiritual.
              Era Alegre, expansivo. Bem cedo, com sua aranha, passava na frente das casas, cantarolando e convidando as pessoas em tom jocoso para irem à igreja.
              Em Antonio Rebouças havia a família Gatto. No jogo do escarabocho (cartas) mexiam com Giovanini Gatto,  porque era muito vivo. Ele se queixou ao Padre Pigato. Este respondeu rindo: E mi che so pi Gatto, o que em Vêneto significa: e eu que sou o mais gato.
         Quando pernoitava nas capelas, dormia na sacristia, sobre duras taboas. 
               Era um homem penitente, austero, cumpridor exato dos deveres. Ao raiar do dia, estava na igreja, ou nas capelas para atender aos fiéis. Chovesse ou não o dever estava acima de tudo. Segundo aponta Fernandes, Pigato era um sujeito que não deixa ninguém indiferente. É descrito no livro tombo da Igreja Rondinha "como um homem mortificado, que dormia no chão das sacristias e que madrugava para varar a estrada". Na Estrada Velha de Campo Largo, atualmente denominada Estrada Mato Grosso, ouvia-se o Padre andarilho assobiando as ladainhas.
              Dom Pedro Fedalto conta que o hobby do Padre Natal Pigato eram os pombos. Os colonos sempre lhe presenteavam Pigato com estas aves.
              A residência fixa de Pigato durante muito tempo, era a Paróquia de São José em Santa Felicidade.
              Os deslocamentos do Padre eram feitos à pé entre as Igrejas e Capelas de sua atribuição. Outros afirmam que eram feitos a cavalo, meio de transporte comum da época. Augusto Vanin, conforme conta Fernandes, diz: "Nada disso. Ele circulava de aranha - uma espécie de charrete da época".  Vanin era morador de uma casa localizada na Rua Padre Alcides Zanella, na Rondinha, construída em 1906. Nesta casa, Pigato fazia  sua segunda morada. a Família de Vanin, segundo Fernandes, guarda em seus álbuns de família lembranças do saudoso Padre Natal Pigato.
           Relata Fernandes em artigo publicano na Gazeta do Povo, que em 1915 em razão de uma forte estiagem que assolava a região de Campo Largo, Padre Natal Pigato organizou um grande procissão. Uma saiu da Rondinha e outra do Tucunduva. Quando chegaram a um campo chamado de Braghetto, cerca de 600 metros da Colônia Rebouças, "caiu um pé d'água que lava a alma até de quem conhece o fato só de ouvir falar". Neste local, foi erguida uma cruz e décadas depois foi construída uma capela em homenagem a Nossa Senhora Medianeira.
         Este fato lhe rendeu fama de milagreiro e, entre os mais antigos moradores de Campo Largo, como a família de Vitório Sabim e Elvira Berton Sabim, já falecidos. Os dois quando viam se aprontar um temporal, faziam orações pedindo a interseção de Padre Natal Pigato a Deus a fim de que acalmasse a tempestade. Elvira acendia o seu incenso e fazia as orações. E o temporal sempre se acalmava. Para arrematar o que estou contando, Fernandes diz que ainda  nos dias de hoje entre os campo-larguenses há quem invoque a interseção de Padre Natal Pigato. "Mal não faz. Nunca caiu um raio no Distrito da Ferraria" - afirma a senhora Ilda Krjzjanovski Guarezi de 74 anos. O que é também referencial para as atuais famílias que herdam dos antepassados, como eu,  a tradição. Ilda conta a Fernades, que quando "dá uma trovoada e a gente diz: 'Padre Natal'. Passa. Se falta chuva, fazemos o mesmo".
               A 11 de setembro de 1926, exatamente 48 anos depois da fundação da Colônia Antônio Rebouças, faleceu, às 19 horas, na casa paroquial de Rondinha, depois de três dias de enfermidade. Sentiu-se mal, a 8 de setembro na festa do Figueiredo, com o alimento ingerido lá. Fez ainda um enterro em Ferraria, profetizando: "Antonio, hoje é você, amanhã serei eu".
                Foram chamados o médico e o vigário de Campo Largo, Padre Ladislau Kula, seu grande amigo, que o ungiu. No dia 11, parecia ter melhorado um pouco. Mas, às 19 horas, morria, serenamente, o Padre Natal Pigato, com 65 anos de idade, 31 de sacerdócio e 30 de Brasil, passado, quase todos o tempo no Paraná.
              Ainda, no dia 29 de agosto, realiza o último batizado na Capela de Antônio Rebouças. Era o meu Batismo, relembra Dom Pedro Fedalto. Ele que conhecia profundamente as duas famílias Fedalto e Marchetti, alegrou-se como o casamento de meus pais. Não foi ele o celebrante, porque seu casamento foi realizado em Campo Comprido, a 6 de junho de 1925, pertencente a Santa Felicidade. Quis ele acrescentar-me o nome de Antônio, pois sendo grande devoto do taumaturgo de Pádua, gostava de batizar os meninos com o nome de Antônio.
              Quando as Colônias italianas tiveram conhecimento da morte de Padre Natal, imediatamente, os sinos campanários, já numerosos, começaram a tanger lugubremente.
              No dia seguinte, doze de setembro, com um cortejo jamais visto, os fiéis das Colônias italianas, os poloneses, os brasileiros de Campo Largo e adjacências, levaram a o corpo do Padre Natal Pigato até o Campo Comprido, um trajeto de cerca de 20 quilômetros onde foi velado, durante a noite.
           No dia 13 , novamente, uma multidão de povo seguiu a pé até Santa Felicidade, onde Padre Natal manifestou o desejo de ser sepultado. 
           Fernandes conta que Augusto Vanin afirma que era notável o poder do sacerdote em benzer as lavouras, livrando-as das pragas, dos ratos. Nada disso se equipara a fama do Padre como pacificador da meteorologia. Moradores da Rondinha e arrabaldes, conforme cita Fernandes, tem Natal Pigato como Santo da Rondinha e arrabaldes.
              O livro do Clero Regular da Arquidiocese de Curitiba, à pagina 81-v, assim o descreve: "O Padre Natal Pigato foi chorado por seu povo, que o amou e estimou como a seu pai, pastor e mestre. soube o Padre Pigato compreender seu povo, graças a sua alma franca e singela, a seu temperamento comunicativo e a seu zelo apostólico. Atraia os fiéis que, corriam a ele para ouvir conselhos, receber orientação, buscar conforto na dor. Por 30 anos, percorreu os núcleos mais longínquos do Paraná, levando a todos os italianos os ensinamentos do Evangelho". (PESQUISA E TEXTO EM DESENVOLVIMENTO).

Fonte:

FEDALTO, Dom Pedro. O Centenário da Colônia Rebouças. Campo Largo: 1978

FERNANDES, José Carlos. O Italiano que Liquidou a Seca. Disponível em: << http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/o-italiano-que-liquidou-a-seca-a48dc0uk8c8bdeybcibw3d64u>>.  Acesso em 28 fev. 2016.

Foto do acervo de Vitorio Sabim - atualmente de posse do autor do blog.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Entrada da Estação de Enologia

 Foto e texto: Renato Hundsdorfer - Jornal Metropolitano
Entrada da "Estação de Enologia" no final de 1940. Portal
de entrada era na esquina da rua Estação de Enologia com a
atual rua Xavier de Almeida Garret. Na foto o adminstrador
Engenheiro agronomo Dr Amur Ferreira Amaral.