sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Sonia Regina Sabim

 


          Sonia nasceu em 31 de Janeiro de 1959. Filha de italianos, nasceu em Campo Largo no Estado do Paraná. Elvira Berton é sua mãe e Vitorio Sabim o pai. Filha mais nova do casal que já tinha duas meninas: Marilene Sabim Ardigó e Dometila Ivete Sabim. O nascimento de Sonia foi motivo de grande alegria para toda família. Os avós maternos são João Berton e Regina Campagnaro Berton. Os avós paternos são João Sabim e Ursola Zanin. Sonia estudou na pequena escola onde funcionava a Estação de Enologia. Hoje Parque Cambuí. O pai trabalhava como agricultor nesta estação de experimentos, e a mãe era professora nesta escola. 
               Ela iniciou sua atividades profissionais como professora de atividades artesanais de corte e costura, pintura na fundação INCEPA, no período de 1983 a 1996. Também exerceu essa atividade num curto espaço de tempo na empresa Lorenzetti no Botiatuva. 
No dia 07 de maio de 1982 sofre com a notícia da morte do pai que, após um período de 23 dias na UTI do hospital Nossa Senhora das Graças, falece aos 65 anos. A vida segue, e agora Sonia mora somente com a mãe. Foram alguns anos de convivência de Sonia com sua mãe, além da irmã Ivete e dos sobrinhos Marcos, Marcia e Maristela que moram vizinhos. No dia 27 de julho de 1989 falece também a mãe, depois de um período acamada em razão de uma queda que lhe causa fratura no fêmur. A morte sobrevêm em razão de um tromboembolismo pulmonar provocado pela queda.
Exerce atualmente a atividade de voluntariado no MIC - Movimento de Integração Cristã, onde ensina a arte de pintura em tecidos. Iniciou este voluntariado em 1998.




domingo, 14 de fevereiro de 2016

Vida de Angela Berton

Vida de Ângela Maria Berton contada por sua irmã Helena

Ir. Helena Regina Berton


Princípios

“No Princípio era o Verbo e o verbo estava com Deus e o Verbo era Deus! Ele estava no princípio voltado para Deus.Tudo existiu por ele; e nada do que existiu, existiu sem ele. Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens e a luz brilha nas trevas...”  (Jo 11-4)

Tu tens um medo
Acabar
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor
Na tristeza
Na dúvida
No desejo.
Que te renovas todo o dia
No amor
Na tristeza
Na dúvida
No desejo.
Que és sempre outro
Que és sempre o mesmo
Que morrerás por idades imensas
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.”                      (Cecília Meireles)

“É a vida, é bonita e é bonita! Viver e não ter a vergonha de ser feliz...”

A história de nossos antepassados é uma história Sagrada! As experiências de todos aqueles que nos precederam na vida e junto a Deus são um dom precioso que deveríamos buscar conhecer, compreender melhor e com eles aprender para sermos dignos da família que de Deus recebemos como um dom gratuito e preciosíssimo. A todos os nossos antepassados a nossa homenagem e veneração pela doação e dedicação aos outros.

Em 2012, a Ângela Maria celebrou seus 50 anos de vida. A família se reuniu e festejou, numa surpresa, suas primaveras com tanta alegria. Em sua homenagem foi escrito este relato de sua bela e dedicada vida às pessoas que Deus colocou em sua vida ao longo de seus dias. Muito obrigada, Angela, por sua doação!!

“A vida é aquilo que anima as pessoas, aquilo que nelas pulsa. O pulsar da vida é a manutenção dessa energia vibrante que abastece de firmeza nossa existência, que lhes dá o colorido poético, que lhe faz ter graça. A vida precisa pulsar, a vida precisa animar-se, a vida precisa ser bela! Precisamos dar mais calor, mais entusiasmo, vitalidade, vigor, prazer à vida. A vida precisa de amor e de paixão, uma paixão que se renove sempre!”

A você Ângela toda a nossa gratidão pela sua vocação de filha, cristã, irmã, prima, neta, sobrinha, afilhada, esposa, nora, cunhada, mãe, tia, madrinha, catequista, cantora, lavradora, jardineira, pastora, consoladora, conselheira, amiga, avó, se Deus quiser, em breve...  E tantas outras identidades e vocações que você assumiu no serviço à sua família, à comunidade humana, e cristã na Colônia Campina e na comunidade São Roque, em Campo Largo, no PR, no BR.

A trajetória da vida de uma pessoa é sempre um Dom de Deus para a humanidade inteira. Cada pessoa humana tem uma missão a cumprir nesta vida, nesta passagem pela terra que é a nossa vida, ela é só uma passagem para contribuir na obra da criação começada por Deus e confiada à humanidade para dar-lhe continuidade até que todos e todas as coisas atinjam a plenitude de Cristo, a plena estatura do Filho Amado, no qual também nós somos filhos e filhas muito amados.

Como ninguém vem ao mundo do nada, e toda pessoa é gerada de um gesto de amor entre duas pessoas e no seio de uma família, a personagem desta história também tem sua origem numa família, num lar de origem humilde. Um casal que já tem dois filhos, na verdade três, porém o primeiro, Darcy, não viveu mais que alguns dias nesta terra, veio com uma missão breve, cumpriu-a e voltou para o seio do Criador.

Cecília é a mãe da pequena Ângela que nasceu em dia de festa na liturgia da Igreja, dia 3 de julho de 1962, solenidade do apóstolo São Tomé, aquele que diante do Ressuscitado exclama: “Meu Senhor e Meu Deus!”, em seu ato de fé nos convida a reconhecer o Ressuscitado e a exclamar nossa fé no seu poder de derrotar a morte e aclamar a vida que continuamente se renova no íntimo de nossos corações e de nossas vidas. A Ângela é uma pessoa de grande fé e nem mesmo as passagens mais difíceis da vida lhe tiraram a confiança na bondade, misericórdia e ternura do Pai.

Antônio é o pai desta humilde e bela família que teve sua origem no dia do matrimônio deste jovem casal.

Cecília tem 17 e Antonio apenas 18 anos quando decidem se casar. Casam-se em 17 de abril de 1952. Portanto, tinham 10 anos de casados quando nasceu a Ângela, são ainda bem jovens e a Cecília tem de cuidar do crescimento dos dois primeiros filhos, João, que tem agora 6 anos e o Pedro que tem apenas 4 anos e saúde frágil.

O nascimento da Ângela foi uma grande alegria para a Cecília e para a nona Regina, a mãe do Antônio, que mora com o casal, e tem 65 anos ao nascer a Ângela. Todos logo viram na menina que chegara a esperança de uma ajuda nos afazeres da casa, enquanto que aos meninos é reservada a missão de ajudar o pai no serviço da lavoura e no cuidado dos animais. É natural que os irmãos tenham sentido um pouco de ciúmes da nova irmãzinha, pois perderam o centro das atenções. Na família e na região cultiva-se milho, cebola, batata, arroz, feijão, etc., produz-se o queijo, o salame e o vinho, guardando a tradição italiana trazida pelos imigrantes vindos do norte da Itália, de Treviso, no Vêneto, no final de 1888. Foram milhares os imigrantes que vieram ao PR na esperança de uma vida melhor.

A Itália vivia anos de profunda crise econômica e o BR precisava e chamava trabalhadores prometendo-lhes terras e trabalho... no ano da abolição da escravatura faltava mão de obra no país... Dura foi a viagem no navio e os primeiros desbravamentos. Os pioneiros cultivam então a terra e produzem os produtos que eram vendidos na cidade e assim podiam comprar os mantimentos para alimentar a família que vai crescendo.

O milho é trocado pelo fubá, o arroz é levado para ser beneficiado e volta para casa precisando apenas ser limpo, lavado e cozido para, junto com: a polenta, o frango, o feijão, a abóbora, a batata, os ovos, o salame, o torresmo, o tomate, a alface; ser a base da alimentação diária destes italianos que guardam a tradição de fazer o queijo em casa e ainda produzem o vinho da maneira como os bisavós, vindos da Itália, ensinaram aos descendentes. A horta também está sempre repleta de legumes e verduras além das folhas para os temperos que nunca faltam.

Em 2012 o Pedro ainda produziu vinho que muitos saborearam e a Ângela produziu centenas de quilos de queijo, arte que aprendeu na infância, trabalho que teve início nos seus primeiros anos de vida e que ainda hoje, nos seus 50 anos, é uma tarefa diária e sagrada... Dedicou boa parte de seus dias no cuidado das vacas e no manuseio do leite, produto que ela conhece com refinamento todas as propriedades só com o olhar... A candura deste produto branco já penetrou fundo no olhar da Ângela e purificou seu interior até a raiz... as vacas conhecem o estado de ânimo de sua “pastora” pelo tom da sua voz e pelo toque das mãos no momento da ordenha... Tarefa para a qual conta hoje com o auxílio de uma ordenhadeira elétrica, que tanto facilitou o serviço. Certo dia, uma vaca (Manoela) adoecera, recebeu os cuidados devidos pela sua pastora e depois de curada, ela parecia desejar agradecer os cuidados lambendo as mãos calejadas da Ângela, fui testemunha disso um dia.

Quantas pessoas se alimentaram nestes anos de seu delicioso queijo feito com carinho e amor, todos os dias, pela manhã e à noite. Quantos fizeram a encomenda e receberam o queijo na porta de casa, com entrega a domicílio e gratuita... quantos bezerrinhos viu ela nascer, quantas vacas ajudou, no meio da noite, a parir suas crias e cuidou para que os pequenos tivessem a proteção de um teto à noite e, o leite e soro a cada ordenha... suas vacas tem sempre um nome: Manoela, Mel, Pintada, Pipoca, ... até os cascos da Mel, a Ângela já lixou para que ela não machucasse a sua enorme ubre ao dar a luz cada cria. Quantas histórias de gestação, de bois bravos, de vacas doentes... de visitas da veterinária na inspeção da sala em que o queijo é fabricado, quantas toneladas de leite passaram pelas suas mãos e nunca uma queixa se ouviu de algum cliente dos mercados onde ela fielmente fornece seu precioso produto semanalmente... há tantos anos.

No Batismo da menina foi-lhe dada como madrinha a tia Catarina, e na Crisma a tia Elvira, ambas irmãs do pai, hoje falecidas. As madrinhas muito amaram a afilhada, a Andia, como era carinhosamente chamada pelos irmãos mais novos, o Altair e a Lena; o apelido pegou tanto que tornou-se o modo de todos na família chamá-la durante muitos anos. Hoje ela ainda tem a madrinha de casamento, a tia Cirene, irmã da mãe e o padrinho Ricardo, seu esposo. Que são também padrinhos de batismo da Helena.

A Andia começa cedo a ajudar nos trabalhos da casa, sem estatura para alcançar a pia, ela sobe num banquinho para lavar a louça e ajudar a mãe e a nona. O frio é intenso no inverno e colocar os tijolos no forno do fogão de dia para esquentar as camas à noite é seu trabalho diário. Alimentar as galinhas e os porcos, descascar a batata pra fazer o almoço, limpar o feijão e o arroz, buscar lenha para alimentar o fogo no fogão a lenha, buscar sapé para acender o fogo, foram tarefas que a menina começou bem cedo a realizar para o bom andamento da casa e ajudar a mãe na missão diária e sagrada de cuidar do lar e da família.

Em 1970, com 7 anos, a menina começou a frequentar a escola Isolada de Balbino Cunha, aprendeu logo a ler e escrever, Dona Emília Helena Fior foi a sua professora nos anos do ensino fundamental. A madrinha Elvira foi sua professora na arte de tricotar e quantas blusas e casacos suas mãos teceram para aquecer os irmãos, o pai, a mãe e a todos que solicitaram ou encomendaram uma peça e trouxeram a lã. Com a mãe aprendeu a costurar e com a nona Regina o crochê. A pintura em tecido foi outra arte que na adolescência aprendeu e ainda tem lençóis e panos de prato barrados com a arte de suas mãos.

As suas colegas de escola mais próximas foram a Marilene Seguro e a Claire Fior, além de muitos outros/as que compartilharam a vida da escola e da catequese, do terço, das novenas, das missas, das procissões e das festas da comunidade São João Batista, tantos momentos especiais na vida da família e de todos os vizinhos e amigos.

Um fato que marcou a vida de toda a família foi a Ordenação Presbiteral do neto da nona Regina, primo do Antônio, o Pe. Amadeu Fracaro, que exerceu seu ministério até a sua morte em 05 de junho de 2004, na diocese de Ponta Grossa. Padre muito simples e querido de seu povo, deixou boas lembranças por onde passou. Muito paciente com toda pessoa. Tinha 42 anos quando foi ordenado, havia ficado noivo quase 10 anos... sua mãe, outra Ângela, era irmã da nona Regina.

A sua Ordenação foi em 1977, na cidade de Telêmaco Borba e toda a família foi em peregrinação participar da Celebração, a Ângela ficou em casa com a nona e cuidando dos irmãos. Anos depois quando o Padre tomou posse na Paróquia em Teixeira Soares, Antônio e Cecília foram de novo e, desta vez, levaram o Altair e a Helena, os irmãos mais novos para passear um pouco com os outros primos e ver o mundo fora de Campo Largo. Foi uma festa, a Ângela ficou em casa com os outros.

No inverno de 1975 outro fato histórico: nevou em Campo Largo! A Ângela tem 13 anos e lembra-se muito bem daqueles dias de neve ao redor da casa, na horta, na roça, no quintal e nos jardins da casa... muitas plantas perderam seu brilho, sua cor, sua vida no gelo daquele dia frio... a horta teve de ser replantada.

Em 1979, Ângela tem 17 anos e neste ano dedicou o melhor de suas energias para ajudar a cuidar da nona Regina que ficou doente em casa, sofrendo 5 meses de cama, precisando de todos os cuidados da Cecília, da Ângela e de toda família. Ela veio a falecer em 19 de setembro de 1979, em casa, de morte natural, depois de muito pedir a Jesus que viesse buscá-la. A família estava ao seu redor e a vela em sua mão quando entrou na eternidade. Viveu 81 anos e morreu feliz.

Neste mesmo ano, em 14 de junho de 1979, houve um grande e especial momento na vida da família: o casamento do João Braz, irmão mais velho da Ângela, casou-se com a Lourdes de Fátima Chipanski. Cunhada que foi sempre muito amiga da Ângela. Quantos presentes trouxe esta cunhada para os cunhadinhos: Helena, Altair, Ângela e Pedro, quanto tentou agradar a sogra Cecília ao entrar na família Berton. O casamento foi na Igreja do Bom Jesus e a festa do jantar numa churrascaria da cidade. Um dia de alegria embora a nona Regina estivesse doentinha... era preciso festejar o casamento do neto mais velho, ela mesma o dissera e se alegrara com o casamento do João, nome que herdou do avô paterno.

O ano de 1980 foi marcado pela vinda do PAPA João Paulo II ao BR e a Curitiba. Ocasião em que os pais da Ângela foram a Curitiba e participaram da Missa em estádio com a multidão que cantava: “A bênção João de Deus, nosso povo te abraça...” A nona Regina, a Ângela e os irmãos assistiram tudo pela televisão, e grande foi a emoção de todos nos dias da visita do Papa ao BR.

Os que foram ao estádio contaram muitas histórias da experiência e de ter sentido o olhar do Papa pousando sobre si, disse a Cecília: “eu vi que ele olhou para mim lá do meio do campo, ele viu todas as pessoas que estavam no estádio... foi uma loucura entrar e sair do estádio, a multidão (jamais vista) parecia que iria nos esmagar... mas valeu a pena ter ido lá e viver essa alegria única na vida, ver o Papa, mesmo de longe e participar da Missa com ele”!

A Ângela participou de vários encontros e retiros de jovens em Curitiba, Emaús, Mariápolis, ... sempre ficava feliz com cada um destes encontros. Trazia livrinhos e lembranças para os irmãos. Era uma festa e uma alegria para todos.

O falecimento da Cecília

Em 7 de junho de 1982, inverno bravo, mais uma forte experiência de vida.  A mãe, Cecília, que há muito se queixava de dores nas costas, no braço esquerdo,... teve neste dia um infarto fulminante, depois de horas de dores no braço e no peito, foi levada pela Ângela e pelo Pedro ao hospital em Campo Largo, não a tempo de ser medicada e viver... veio a falecer na entrada da emergência e nos braços da sua filha querida. Disse ainda: “se cuide minha filha”! A morte é sempre uma surpresa, ainda mais quando se tem apenas 46 anos de idade, ela não é esperada... só por Deus! Momento muito difícil para a Angela e o Pedro que nada puderam fazer... a não ser levar a mãe para casa sem vida no banco de trás do carro e no colo da Andia

A Ângela tem 18 anos e vai, resignada, assumir as funções da mãe do lar... Ocupa-se agora do pai, do Pedro, que tem 20 anos, e do Altair e Helena, os dois mais novos, com 15 e 13 anos respectivamente. Fato difícil de assimilar... a ausência da mãe... só o tempo para curar a dor da perda precoce e inesperada; as festas, os passeios, as visitas, as saídas cessaram, a vida parecia sem alegria, sem brilho, sem esperança... O grupo de jovens da comunidade foi uma bênção nesta época! Aos sábados a noite era uma alegria encontrar o pessoal, cantar, brincar, rezar, conversar... viver e confiar no Deus da vida e da Ressurreição. A Fé sempre foi uma força de vida para a família.

Em 1983, com 20 anos, a Ângela começa nova fase de sua vida, o namoro com o Ademir Bianco foi uma ressurreição em plena vida!! e mudou o ritmo da família e da casa... o Ademir era alegre, fazia piadas, brincava com tudo, de um bom humor especial. Tudo o que a família precisava pra sair do ambiente triste das perdas vividas nos últimos anos... No início a Angela teve medo, mas depois se animou e o relacionamento com o namorado foi se fortalecendo e tornou-se grande amor.

Em 1984 o seu pai Antônio sofreu uma grande perda financeira. O Banco em que depositava suas economias veio a falir, o banco chamava-se Maisonave. Foi um tempo bastante difícil para toda a família. O Ademir deve ter ajudado muito a que o ambiente na família da Angela se tornasse mais leve e com esperanças de superar as dificuldades e provações. Graças a Deus tudo se estabilizou depois, mas o Antônio sofreu muito nesta época, muitas perdas: a mãe, a esposa, as economias, ...

Mas, para a Angela, foi também um ano dos passeios e festas: as das Igrejas, no Seminário São José, na estância Ouro Fino, passeios no balneário de Bico dos Papagaios, cinema, inúmeros passeios de namoro do jovem casal e sempre “a vela” acompanhando, claro! a Lena. A vida voltou aos corações! O amor é sempre uma grande bênção e cura tantos males! Neste ano, Ademir pede a Ângela em casamento, com lágrimas ela responde que sim!!  e este é marcado para o dia 27 de abril de 1985. Os preparativos uniram as famílias e todos os amigos. Foi uma grande e bonita festa. A Celebração do Matrimônio foi na Igreja da Campina e a festa lá mesmo, no espaço das festas, grande baile animou os convidados. Os noivos vão passar a lua de mel na praia em Santa Catarina, uma semana longe de casa, saudades... depois o Ademir contava que toda vez que ele falava na Lena, a Ângela chorava...

Antônio e a família prepararam a festa, o boi foi tratado e a carne de primeira fez a festa dos convivas no salão da Igreja da Campina. O Ademir desejava construir sua casa, mas os seus pais pediram-lhe que morassem com eles, sendo ele o filho mais novo era sua missão cuidar dos pais... Assim a Ângela, com 22 anos assume o matrimônio, casa-se com o Ademir e vai residir com os sogros, a Emília e o Batista Bianco, na casa em que reside até hoje. A casa foi ampliada anos depois e é bem confortável localizada perto de um rio, no verão, sempre fresca e muito fria no inverno, ela abrigou três gerações. Viu os 5 filhos da Emília crescerem: Ângelo, Juraci, Marlene, Alceu e Ademir.

A Ângela viveu seus primeiros 22 anos na casa dos pais, na Campina, comunidade São João Batista e 28 anos no Botiatuva, perto da Comunidade São Roque, onde reside ainda hoje. No dia 7 de setembro de 1985, uma grande viagem!  A Angela, o Ademir e a Helena vão, em Romaria, a Aparecida do Norte com um ônibus de romeiros que sai de Campo Largo, uma linda viagem que ficou sempre na memória e as fotos contam a experiência de fé e alegria da romaria.

 Em 1986 a Ângela e toda família sofre profundamente com a decisão da Helena de ir morar com as Irmãs de Santo André, em São Paulo, para realizar o sonho de ser religiosa. Dia 23 de fevereiro, Ângela, em prantos... Acompanhada de algumas irmãs, levam Helena à rodoviária de Curitiba, onde embarca, junto de uma religiosa de nome Maria Helena, para São Paulo, vai estudar, trabalhar, crescer e continuar a vida na Igreja, discernir claro o chamado que Deus faz ao seu pobre coração, ser discípula de Jesus e a Ele consagrar toda a vida. Helena viveu mais de duas décadas em São Paulo. Sua missão está registrada em outros textos.

Em 17 de maio de 1986, o Pedro se casa com a Marlene, a celebração foi na Igreja Nossa Sra. Da Piedade... e a festa no salão da Igreja São Roque, uma linda festa e a Marlene e Pedro vão morar com o Antônio, na Campina. No final de 1986, Ângela e Marlene estão grávidas... Natal com Maria esperando o menino Deus...

Nascimento do Anderson

Em 5 de junho de 1987 nasceu o filho esperado da Ângela e Ademir, tão grande o menino que fez muito sofrer a mãe até ‘aceitar perder o calor da útero’ materno...  fora estava frio e ele não queria sair da segurança e calor... a mãe ficou dias doentinha, esgotou suas forças no parto... mas, graças a Deus, se recuperou e alegrou-se com a vida do seu filho Anderson José. Nome escolhido pelos pais, uma junção dos nomes de ambos: an: de Ângela; de: de Ademir e son – filho em inglês. José pela devoção a São José e em gratidão pelo nascimento do menino com saúde.

Dois dias depois, no dia 7 de junho nasce também a Simone Cecília, filha do Pedro e Marlene... e ambos serão batizados no mesmo dia na Igreja da Piedade, Helena virá de São Paulo para participar do batismo dos dois sobrinhos que renovam a esperança e a vida da família. Grande alegria para o nôno Antônio.

Em 27 de setembro de 1987 casa-se o Altair com a Neusa Ribeiro, mais uma festa na família, a Helena virá de São Paulo especialmente para participar do casamento do irmão querido, pois ambos cresceram juntos. Muito afeto de irmãos.

Em 1988, no dia 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor, dia Santo em Campo Largo, o Antônio acompanha a filha mais nova, Helena, a São Paulo, agora com 19 anos, ela entra na comunidade religiosa e em outubro começa o noviciado.

Os anos passam e o Ander cresce sadio e saudável, alegre e meigo esse menino, come de tudo e anda de bicicleta dentro de casa... e faz a alegria dos pais.

No final de 1990, um fato marca a vida da Ângela e da família Berton, todos que podem vão a São Paulo no dia 7 de dezembro, pois no dia 8, festa da Imaculada Conceição, Helena Regina pronuncia seus votos religiosos diante de toda a comunidade reunida e em presença dos familiares: o Antônio, o João e a Lourdes, a Ângela e o Ademir com o Ander; a Cirene e o Ricardo (padrinhos de batismo da Lena), o Altair (a Neusa não vai, pois tem o filho Heron com apenas dois meses, nasceu em 25 de setembro) viajam juntos para participar da Solene Celebração e da festa, o pequeno Anderson foi a alegria na festa... O Pedro, a Marlene e a Simone irão depois, para não deixar a casa sozinha. Eles vão a São Paulo no feriado de 2 de fevereiro de 1991. Também a Eliane Seguro, a Luiza, a tia Vitória, o Orley, o Ademir Berton, o Wilson, o Valmir e a Rosana, e outros amigos da Colônia Campina, visitaram a Helena depois dos seus votos em São Paulo.

Em 1992, o fato mais difícil da vida da Ângela está por acontecer. Dia 1° de abril, uma tragédia tira a vida do seu amado esposo, Ademir; no seu trabalho de abater um touro na casa do tio, o boi dá um coice que atinge a mão com a faca afiada e acerta com o fio a perna do Ademir, bem na artéria... O sangue jorra e a vida em pouco tempo se perde...  o socorro das pessoas presentes demorou demais. A cidade estava a alguns quilômetros apenas, mas não deu tempo... Golpe duro para toda família Bianco e Berton... esse golpe foi duro demais! Foi necessário muito tempo para se curar. O Ander tinha apenas 5 anos e a Ângela se vê na missão de ser agora mãe e pai do menino... grande foi o sofrimento para os pais do Ademir, uma fatalidade inexplicável e a vida do filho não tem volta... A Irmã Helena vem de São Paulo para tentar consolar a irmã em sua dor. Na primeira noite após o sepultamento Helena tenta fazer o Ander dormir contando-lhe histórias que inventa no momento, na noite seguinte ele pede-lhe para contar a mesma história e ela já não se lembra... mas ele sim, e ele mesmo conta o que ouvira na noite anterior...

Em julho de 1993 a Angela vai com o Anderson visitar a irmã Helena, em São Paulo, dias para passear, rezar, tentar esquecer um pouco da perda e se recuperar.

Dia 5 de maio de 1994, Antônio se casa novamente, com a Stela Zeribeto, que também é viúva há anos. Os filhos de ambos se reúnem na Igreja da Piedade, a Helena vem de São Paulo e toda a família se alegra também pelo nascimento do Wallace, no dia 2 de maio, segundo filho do Altair. Por uns dias, Helena fica ajudando a cunhada Neusa no cuidado do pequenino. O Heron já tem 4 anos e é um menino tranquilo, sereno; o Wallace é também sossegado e de bom apetite... a Neusa tem uma bela missão de acompanhar o crescimento dos pequenos... Hoje, 2012, Heron tem 22 anos e Wallace tem 18.

Os anos passam, a escola é a nova etapa que o Anderson vencerá com dedicação e esforço e sempre com a supervisão e apoio da sua mãe. Esta fase motiva a Ângela a voltar aos estudos e assim ela concluiu o Ensino Fundamental, para alegria do filho, da Helena e dos irmãos. O ensino fundamental o Ander o fez no colégio Centenário e os anos do Ensino Médio no Colégio Sagrada Família, quantas vezes a Ângela participou das reuniões na escola do Ander, quantas vezes correu com o menino doente, as gripes do inverno, os problemas da adenoide, os acidentes da vida, os imprevistos, as festas de fim de ano; quanto dever cumprido na missão de pai e mãe... e sempre produzindo o queijo que abastece a mesa de tantos fregueses.

De 1998 ao ano 2000 a Angela foi catequista na Campina, viu com alegria as crianças fazendo a Primeira Comunhão... as fotos mostram estes momentos.

Em 1999, mais uma festa, Helena faz, na Bélgica, os votos religiosos definitivos na Congregação das Irmãs de Santo André, foi no dia 14 de março. Na Campina uma missa é celebrada no mesmo horário da Celebração dos votos lá na Bélgica, na cidade de Tournai, na casa mãe da Congregação, foram 4 as irmãs que se consagraram a Deus: irmã Gláucia, do BR, irmã Anne da França, ir. Ingrid da Alemanha e irmã Helena do BR. De volta ao BR, a comunidade na Campina quer celebrar e festejar o fato. Antônio marca a Celebração para o dia 18 de abril, nas vésperas, à noite, toda a família Berton se reúne na casa das Irmãs, na Rondinha, para uma oração em agradecimento e um delicioso lanche preparado pelas irmãs. Na linda missa na Campina, no domingo, a Irmã Maria Augusta representa as irmãs e a Ângela se alegra e entrega um lindo buquê de rosas para a irmã na ação de graças, há uma foto que registra o momento. As irmãs da Sagrada Família ajudaram na preparação da liturgia e a Igreja da Campina estava lotada para a missa.

Em maio de 99, dia 10, o Antônio faz uma delicada cirurgia de varizes com o Dr. ... na perna esquerda, e no dia 21, complicações fazem o Toni passar muito mal, o Pedro corre com ele pra o Hospital em Campo Largo mas, não há mais tempo para salvar a vida do pai. O Antônio falece aos 65 anos de idade. Agora a Angela não tem mais nem o pai que a apoiava nas suas lutas, o Ander tem 12 anos incompletos ainda, mas diz lembrar-se bem do nôno Toni, aliás, lembra-se do pai também, mesmo tendo apenas 4 anos e 10 meses quando da morte precoce do Ademir.

Em dezembro de 1999, a Ângela, o Anderson e o Altair vão a São Paulo visitar a Helena, dias de passeio, convivência, oração e encontro com as irmãs da comunidade em São Paulo, alegria para todos.

Terminados os estudos em 2005, a Ângela vai com o Ander em Romaria a Aparecida do Norte para dar graças a Deus pela etapa vencida e ela faz de tudo para o filho fazer uma faculdade. Ele começa a fazer cursinho preparatório em Campo Largo e, um semestre estuda em Curitiba, com toda a preocupação que isso dá à mãe, ir e vir todos os dias de tão longe para estudar os conteúdos que o colégio não havia bem tratado nas aulas. É aprovado no vestibular e começa o curso de contabilidade, mas não gosta e deixa de frequentar as aulas, para tristeza da Angela, mas, em 2010 ele voltará aos estudos, faz um curso técnico de dois na PUC, eletrônica hospitalar. Curso noturno, trabalhando de dia estudando a noite.
Durante alguns anos o Anderson teve de fazer um tratamento ortodôntico para correção de seus dentes, foi um longo e sofrido período, mas valeu a pena, ficou com um belo sorriso. Sua mãe está de Parabéns por tanta dedicação para que seu filho tivesse sempre o melhor. A gratidão é o único pagamento que pode-se esperar.

Tempo de trabalhar

O Anderson, aos 19 anos, conseguiu o seu primeiro emprego remunerado, ficou 4 anos trabalhando no mercado Druziky, em Campo Largo. No começo vai de bicicleta, de ônibus, depois tira a sua habilitação e começa a ir de carro; o “gol” vermelho da mãe é seu meio de transporte até hoje... Em 2011 ele trabalha alguns meses na empresa Sigma, perto da Incepa; depois, já em 2012, é admitido no Hospital Nossa Sra. do Rocio na função para a qual seus estudos o preparam, em dezembro sofre um pequeno acidente na visão, mais um susto para a sua mãe! Mas, graças a Deus, nada de mais grave, ele se recupera em alguns dias.

Em 2010 tem início o namoro do Ander com a Suélem, filha do Domingos e da Sueli Ferreira da Silva, velhos amigos da família Berton desde a juventude, e a Sueli é irmã da Marlene, esposa do Pedro. O Domingos residiu por anos na Campina com a família do seu Dalvino e dona Lourdes, são da Bahia e trabalham na olaria dos Pelizzari. Muitas vezes o Domingos foi na casa do Altair e eles tocavam violão e cantavam horas seguidas com o Pedro e o Toni.  A Suélem é uma jovem meiga, bonita, sorriso largo e alegre, humilde esta futura professora na educação infantil. Forma-se no Magistério com as Irmãs do colégio Sagrada Família, no final de 2012. Tem uma bela e nobre missão de servir à sociedade brasileira na educação e formação de novas gerações. Que Maria a acompanhe na missão de ser esposa, neta, nora, logo tia, (a Beatriz, sua irmã, casada com o Jorge, está grávida) educadora e cristã fiel aos ensinamentos de Jesus no seu Evangelho.

Em 2010 o Ander começa o curso técnico de Eletrônica hospitalar na PUC, trabalhando de dia e estudando a noite, ir e vir de Curitiba, muito desgaste e cansaço, mas vai até o fim, graças ao apoio contínuo da mãe que prepara refeições e cuida de suas roupas, paga suas contas, compra-lhe até um novo computador no Natal de 2010 (?).

Em janeiro de 2012, casa-se o Amaury, sobrinho que a Ângela tanto quer bem, e padrinho de crisma do Ander, é grande a festa que reúne todos da família Bianco. A Celebração é feita na Igreja renovada e restaurada. O atual Santuário do Senhor Bom Jesus, de Campo Largo e a festa é no Ginásio do Polentão, uma grande festa.

Meses depois, vem a decisão do Ander, de se casar com a Suélem já no início de 2013, e o projeto de construção da sua casa para o segundo semestre de 2012... um grande projeto que leva meses para ser executado. Ano de muitos compromissos, o trabalho, os estudos, a casa em construção. Enfim, no final do ano, com a casa praticamente pronta é feita a mudança e a instalação do Anderson na nova casa até que o casamento permita à Suélem vir morar na nova casa com seu esposo.

Que Deus seja o fundamento deste novo lar e que Maria cubra o jovem casal com seu manto de luz, que vivam na harmonia, no diálogo, na compreensão e no perdão. Sejam companheiros dos avós na sua velhice e ajudem a Angela no cuidado da propriedade, da família e agora das duas casas...

No dia 05 de janeiro de 2013, às 17h, na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, a Angela vai acompanhar o seu filho querido ao altar, onde ele receberá o Sacramento do Matrimônio e se tornará o esposo da Suélem. A irmã da Suélem, Beatriz e o esposo Jorge ajudam muito nos preparativos para a festa. O primo Wallace também faz tudo o que pode para ajudar o Anderson. A festa é uma arte! Os primos do casal são os grandes artistas: Carol, Wallace, Maria, Dirceu, Francisco, Fábio, Isabella e Mariana, colegas da Suélem ... todos ajudam.

Uma nova etapa se abre na vida da Angela, um novo momento em sua vida. Tempo de dar graças a Deus pela missão cumprida de educar, alimentar, acompanhar e criar seu filho, agora tem também uma filha para ser uma companheira na vida e para partilhar as alegrias e tristezas do dia a dia, já que o novo casal vai residir ao lado da casa da mãe e dos avós: Emília e Batista Bianco.

Esta história continua, a vida vai escrever a seqüência... mas aqui fica o registro de alguns fatos da vida da Angela, há muitas coisas que não estão escritas...

 A memória esquece muita coisa, talvez até as mais importantes, e só o Criador e Senhor da História é que tudo sabe, como disse o Mestre Jesus de Nazaré: “até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados e nem um só deles cai sem o consentimento do Pai, que está no céu.” Jesus.  

Obrigada, Pai de bondade, misericórdia e toda ternura, pela vida de vossa filha Angela, pela vida de seus pais, Antônio e Cecília, pela vida de cada uma das pessoas que fizeram e fazem parte da história das famílias Berton e Bianco, por todos os gestos de carinho, perdão, ajuda mutua, confiança e solidariedade que brota do fundo dos corações onde habita a fonte do bem, da verdade, da beleza: Deus.
Guardai-nos, Senhor, na alegria, na simplicidade, na sabedoria, na ternura e na misericórdia, segundo o Evangelho, abençoai-nos a todos nós e aos que virão ainda a fazer parte de nossas vidas. Que possamos ser uns para os outros sinais da bondade e do Amor que vem de vós e que pode nos fazer viver na paz e no amor uns aos outros.
Maria, Mãe de Jesus, protege e abençoa a sua filha Ângela todos os dias, que ela seja sempre uma luz e que sua vida seja sempre um exemplo de dedicação e doação à família e aos amigos.
Trindade Santa, a vós consagramos e oferecemos tudo o que temos e somos, “tudo recebemos de vós, nosso Pai, e vos ofertamos o que em nós realizais!”
Sem vós nada somos e nada podemos, só com o vosso auxílio e com a vossa graça podemos viver e ser felizes. A vós confiamos todos os nossos bens, nossas famílias, nossas casas, nossos bens que nesta terra nos ajudam a ser pessoas do bem, da verdade, da paz e da justiça. Livrai-nos do apego desordenado das coisas terrenas, pois sabemos que tudo passa e desta vida só levaremos o bem que fizemos e o amor que dedicamos a vós, Pai e aos irmãos, só o AMOR é digno de nossa devoção. Dai-nos viver na liberdade, na alegria, na paz, na concórdia e na esperança de um dia gozar no céu a eterna alegria dos filhos e filhas amados de Deus. Amém!